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 Balanço da Campanha da Batata 2018

A campanha da batata do ano de 2018 foi atípica, como aliás tem sido as campanhas dos últimos anos, por um motivo ou por outro tem sido campanhas que pouco podemos chamar de normais. Porque chove muito e/ou fora da época dita normal, porque temos seca e/ou calor extremo, porque o frio é extremo e vem numa altura em que já não seria de esperar, as amplitudes térmicas são cada vez mais idênticas às temperaturas do deserto, e as estações do ano são cada vez menos definidas pelos padrões que sempre conhecemos como característicos do nosso clima, em resumo daqui para frente temos de estar cada vez mais conscientes das oscilações climáticas, pois parece que as alterações climáticas, que “alguns” insistem em ignorar, são afinal as responsáveis por estas variações e cada vez são mais evidentes e agressivas.
Passando a campanha da batata de 2018 em análise verificou-se que e face ao ano anterior, esta caraterizou-se por um decréscimo das áreas de produção na ordem dos 10 -20 %, exceto no Ribatejo em que as áreas de produção se mantiveram-se, um pouco devido ao ganho de área pela batata de indústria.
Na campanha passada assistimos a produtividades muito acima das médias nacionais, o “excelente ano agrícola” traduziu-se em produtividades muito acima das 40 ton/h. A campanha de 2018, foi um pouco mais razoável em relação às produções, tendo em vista as condições climatéricas a que esteve sujeita. Variaram  para a zona norte em média na ordem das 25 – 30 t /ha,  no  Oeste as produções rondaram os 23 – 25 t/ha nas plantações mais precoces  e as 30-35 t/ha as plantações mais tardias e no Ribatejo ou seja na zona do Montijo, também rondaram as 30-35 t/ha em média. No geral podemos dizer que houve uma diminuição da produção na zona Norte entre 20 -30 %, no Ribatejo de 25 – 30 % e na zona Oeste 15 -20 %.
Nas plantações mais precoces devido ao frio e chuva de março as emergências atrasaram, muitos tubérculos acabaram por apodrecer na terra, o que se traduziu em produções mais baixas. As plantações estenderam-se até maio e junho, devido aos terrenos encharcados, o que se traduziu depois em atrasos na colheita de duas ou três semanas no Ribatejo e Oeste e mesmo quatro semanas nas zonas mais a norte de Portugal.
A qualidade da batata foi no geral e para todas as zonas de produção média a boa, tirando alguns defeitos pontuais de pele, havendo alguma incidência de míldio e alternaria.
O atraso das plantações em Portugal na campanha de 2018 e a antecipação das colheitas na Europa, traduziu-se de forma negativa para a exportação de batata portuguesa, pois perdemos quase a totalidade da janela de oportunidade de exportação para a Europa na campanha de 2018, a maioria dos operadores exportadores não o fizeram e os que o fizeram foi muito abaixo dos volumes transacionados nas anteriores campanhas.  A maioria da produção de batata portuguesa destina-se ao mercado interno tradicional e grande distribuição.
Os Preços da batata consumo ao produtor foram no geral aceitáveis, em média situaram-se nos 0,25 €/kg mas em Maio e junho rondaram os 0,30-0,38 € na zona Oeste, houve também uma maior preferência das variedades vermelhas.
Os estrangulamentos da campanha como já referido, foram principalmente as condições climatéricas atípicas de chuvas intensas associado a temperaturas baixas na altura da emergência ou plantação, a chuvas tardias que impediram a preparação do terreno, com consequente plantação tardia e ainda o calor extremo com a batata ainda na terra. Em termos de mercado a concorrência da batata francesa da campanha anterior e mais tarde da batata espanhola já desta campanha afetaram o rápido escoamento da produção nacional, a par disso ainda há um ligeiro decréscimo do consumo de batata fresca.
Para a próxima campanha, espera-se que a área plantada seja igual à campanha anterior na zona do Ribatejo e Oeste ou um pouco maior no caso da zona Norte. Há imensa especulação, sobre a existência de pouca batata semente e que será mais cara, devido as condições climatéricas ocorridas no norte da Europa que fizeram baixar as produções. Também se tem assistido um pouco à opção dos produtores passarem a produzir batata de industria, pois os contratos à industria não estão tão dependentes das oscilações do mercado.