Ocupo o cargo de diretor/tesoureiro na Coop desde 2007 e ainda exerço a atividade agrícola por conta própria na região do Baixo Mondego, produzindo milho para a panificação, batata para indústria e mercado fresco e bovinos de carne DOP.
Como começou a sua relação com as batatas?
A Cooperativa de Montemor-o-Velho é responsável por um contrato anual que ronda as 2200 ton de batata para indústria com a SIA aperitivos sedeada em Tentúgal, ficando a nosso cargo todo o trabalho de organização da campanha desde a encomenda da batata para semente até à colheita.
Esta quota está repartida por uma média de 30 agricultores, não tornando nada fácil a organização de todo o processo, nomeadamente a gestão sem conflitos da ordem de colheita dos vários campos de produção, garantindo a entrada na fábrica do produto sem problemas que possam levar a qualquer devolução.
E como começou a Cooperativa de Montemor?
A cooperativa começa em 2005, como fornecedor de batata para a indústria e a localização das duas entidades e das zonas de produção facilita o sucesso desta relação comercial, que tem durado até ao momento. Para além disso dispomos de um técnico responsável pelo setor da batata, liderado pela Engª Ana Sofia, que tem contribuído para crescente profissionalização do sector e confiança transmitida ao nosso cliente, neste caso concreto, à SIA.
Que tipo de produtos e serviços são comercializados pela Cooperativa de Montemor?
O nosso objetivo é responder às necessidades dos agricultores, procurando alternativas ou soluções para todos os desafios da atividade. Posto isto, comercializamos uma vasta gama de fatores de produção, estamos ao serviço dos agricultores. Dinamizámos recentemente o espaço de loja agrícola/supermercado, dispomos de um grupo técnico de aconselhamento agrícola e entidade formadora certificada.
Desde 1995, temos um papel importante no sector da secagem de milho e arroz carolino e tencionamos iniciar brevemente a construção de uma nova unidade industrial mais moderna e eficiente, porque é o único caminho para continuarmos a ser competitivos.
Quais são os vossos principais mercados/clientes?
Resultado da vasta gama de produtos transacionados, temos clientes de norte a sul do país, fruto principalmente da transformação do arroz e do milho.
Quais as perspetivas de futuro para a Cooperativa de Montemor?
Confiança total no sucesso da organização. O futuro passa por uma produção organizada e a uma só voz, e prevejo que essa tendência esteja reforçada no próximo quadro comunitário de apoio, via reforço das OP`s. O individualismo na produção tem os dias contados, o sucesso da produção passa forçosamente pelo sucesso e fortalecimento das suas organizações.
Quais as perspetivas futuras para o setor da Batata?
Até hoje, a única limitação ao crescimento da produção de batata para indústria (representando 90% da área de batata no baixo mondego, comparativamente com a batata para fresco) é a quota anual disponibilizada pela indústria porque existe abertura para o crescimento da área cultivada. A estabilidade do preço, ao contrário do cenário habitual com a batata do mercado fresco, tem sido essencial para a regularidade dos resultados financeiros da cultura.
No futuro podemos ter que encontrar um novo patamar com a indústria porque no Mondego a cultura que concorre diretamente com a batata é a cultura do milho e as previsões são de estabilidade a níveis elevados.
Na sua opinião quais serão as mais valias da marca coletiva Miss Tata para o sector?
Convencer o consumidor das vantagens da batata portuguesa, as suas qualidades e as mais valias de consumir um produto nacional. Nunca esquecendo o tema que a todos nos move, que é a pegada ecológica inerente aos produtos que consumimos.
O que espera de uma associação como a Porbatata?
União de toda fileira da batata. Estão aí presentes todos os setores e por vezes não há razão aparente para não segurar os preços da batata de fresco a níveis que garantam um equilíbrio da cadeia agroalimentar.
Não posso terminar sem agradecer à Porbata pelo espaço concedido à cooperativa de Montemor-o-Velho e pelo trabalho exemplar de divulgação da batata junto do consumidor.
Carlos Plácido – Director da Cooperativa de Montemor-o-Velho