Situada em Salvaterra de Magos, a Francicampo é uma empresa que contrata produtores, fornece as sementes, faz o acompanhamento técnico da cultura, responsabilizando-se pelo escoamento de toda a produção. Falamos com o Srº Manuel Marques Francisco Diretor da empresa.
Porbatata: Como começou a sua relação com as batatas? E como surgiu a Francicampo?
Francicampo: Eu tenho feito algumas coisas na vida, quase todas boas felizmente e esta também foi uma ocasião que se apresentou e eu tirei proveito dela, tive uma casa de electro domésticos desde 76 a 2006, trinta anos, quando fui contactado, à 20 e tal anos para fazer uns hectares de batata. Um rapaz amigo trouxe um senhor francês que queria uma parabólica para apanhar a TV francesa. Vendi a parabólica ao senhor, montei-a e uma vez ele veio cá, eu andava no terreno e ele perguntou, “então isso é para quê?”, “é para batata”, “você faz batata?”, “faço”, “temos de pensar em fazer um programazinho para França, porque França não tem batata, na altura em que o Ribatejo tem”, “então vamos a isso”. Começamos com 6 ha nesse ano, no ano seguinte 52 ha, depois fomos para os 80-90 ha e mantivemo-nos cerca de 5-6 anos com a mesma empresa e depois passamos trabalhar sozinhos. A Francicampo surgiu precisamente porque essa nossa parceira Francesa, já tinha contacto com uma empresa portuguesa da qual era diretor de produção aqui no Ribatejo, mas as coisas não correram bem, daí que se criou a Francicampo, e desde de aí nunca mais paramos, foi um bichinho…
Porbatata: Que tipo de produtos são comercializados pela Francicampo? Quais são os Vossos principais mercados/clientes?
Francicampo: Essencialmente a batata, é a base, ocasionalmente fazemos chicória para França, e alho francês, no entanto é a batata que nos dá mais confiança, com um volume de longe maior. O mercado nacional atualmente é muito superior, quando exportamos o mercado é essencialmente França e ocasionalmente Alemanha.
Porbatata: Quais as perspetivas de futuro para a Francicampo? E para o sector da batata?
Francicampo: É assim, tendo em conta a minha idade, tenho alguma apreensão, tenho os netos e os filhos que cada um tem a sua profissão, mas pelo menos enquanto eu cá estiver vai ser um bom futuro. Estou convencido que as pessoas ainda não se habituaram a comer plásticos ou pedras, agora também é verdade que isso depende muito das ajudas que a gente possa ter a nível nacional, todos os países europeus tem ajudas à produção, ajudas que nos não temos, os fatores de produção totais são de longe muito inferiores aos nossos, dai a nossa impossibilidade de competir, mas continuo na minha, a exportação é capaz de cair, mas o mercado nacional vai continuar, o nosso clima, os nossos solos e o trabalho que a Porbatata tem feito no sentido de dar a conhecer as nossas variedades e a nossa qualidade e o sabor da nossa batata é uma grande ajuda.
Porbatata: O que espera de uma Associação como a Porbatata?
Francicampo: É de esperar tudo, é capaz de não haver uma informação alargada do que é a Porbatata, em conversas que temos com várias pessoas surge a ideia “ a Porbatata nunca pode defender ao mesmo tempo a produção, o embalador e o distribuidor” isto, trata-se de defender é um produto, todo o trabalho que possa ser feito ao nível da produção, do embalador e também do distribuidor é sempre bem vindo, tudo o que se possa fazer no sentido de levar um bom produto ao consumidor final é sempre bem vindo, há muita gente que tem dificuldade em aceitar que a mesma organização possa defender toda a fileira, mas analisando as coisas faz todo o sentido. Eu espero que a Porbatata tenha muitos anos e que ajude a produção, mas também todo o resto, todos dependemos uns dos outros.