A Pelarigo & Filhos é uma empresa sediada na zona de Salvaterra de Magos, de comercio de factores de produção para a agricultura.
Porbatata: Como começou a sua relação com as batatas?
Pelarigo: Desde muito cedo, era eu um miúdo de 10 anos e já acompanhava o meu pai a carregar as camionetas que vinham de Lisboa e de outras partes do país. Era tudo carregado à mão, saco a saco, e muitas das vezes tínhamos de ir aos próprios campos dos agricultores. Quando o meu pai não podia acompanhar as cargas, já eu o fazia sozinho, até mesmo, a conduzir as ditas camionetas porque os compradores não tinham experiência de as conduzir em campos arenosos, ficavam logo atolados.
Porbatata: E como começou a Pelarigo e Filhos?
Pelarigo: Mais tarde, quando acabei os estudos fui fazer o serviço militar, porque tinha esse objetivo pessoal, quando o terminei é que me juntei ao meu pai e aí criámos a Pelarigo e Filhos, Lda e em 2001 iniciou a atividade.
Porbatata: Que tipo de produtos são comercializados pela Pelarigo?
Pelarigo: Antes de eu entrar, o meu pai basicamente só trabalhava batatas de semente e batatas de consumo, com a minha entrada é que iniciamos o negócio de fatores de produção para os agricultores profissionais e desenvolvemos parcerias com as principais multinacionais da área fitofarmacêutica e da fertilização, que são hoje, a nossa principal área de negócio no grupo.
Porbata: Quais são os vossos principais mercados/clientes?
Pelarigo: Antes da quarentena em relação ao Epitrix da batata a que a nossa região ficou abrangida, o nosso principal mercado era a Alemanha, neste momento estamos praticamente a trabalhar só com mercado nacional.
Porbatata: Quais as perspetivas de futuro para a Pelarigo?
Pelarigo: Temos boas perspetivas de futuro porque, trabalhamos no setor primário e praticamente todas as pessoas precisam de consumir os produtos produzidos pelos nossos agricultores. Temos a vantagem de estar numa zona agrícola de excelência, com um alto nível de profissionalismo, mas, deparamo-nos constantemente com uma enorme dificuldade em valorizar os respetivos produtos e este ano com a dificuldade acrescida nos canais de escoamento.
Porbatata: Quais as perspetivas para o sector da batata?
Pelarigo: Para mim em particular, estamos a falar de um produto commoditie, e digo isto porque existe uma frase que é muito utilizada neste mundo da batata que reflete perfeitamente esta situação “se a batata não tem uma boa qualidade não presta, mas se tiver uma qualidade de excelência, são batatas!” e isto explica tudo. Por outro lado, se olharmos para este ano, onde o Covid é desculpa para quase tudo, vamos identificar exatamente os mesmos problemas do passado onde nem se sonhava que íamos passar por esta pandemia. Ou seja, os problemas de fundo continuam a ser exatamente os mesmos, que são: a produção não valorizada, dificuldades nos canais de escoamento, empresas a contratarem acima das suas necessidades e isto acarreta consequências gravíssimas para os agricultores.
Porbatata: O que espera de uma associação como a Porbatata?
Pelarigo: O que esperamos de uma associação como a Porbatata, parafraseando-me, é conseguir despoletar no cliente final uma maior proximidade ao produto nacional, que tem inequivocamente uma maior qualidade, e uma só voz na comunicação destes mesmos valores. Acho que são estes os principais objetivos e desta forma tem conseguido criar uma maior harmonização do sector.
Bruno Pelarigo, Administrador da Pelarigo & Filhos