O Auditório da Biblioteca Municipal do Bombarral recebeu, no dia 18 de novembro, cerca de 120 participantes para o Balanço da Campanha da Batata 2025, um encontro que voltou a reunir produtores, empresas, técnicos, distribuidores, entidades públicas e parceiros institucionais para analisar uma campanha marcada por forte instabilidade.
A manhã abriu com os balanços do mercado de consumo fresco e de indústria, apresentados por Humberto Bizarro (Hortapronta, S.A.) e Fábio Martins (José Guerra, Lda.), respetivamente. Foram destacadas as dificuldades ao nível da qualidade, calibres e escoamento, bem como a instabilidade logística e comercial que, este ano, afetou vários contratos de indústria.
No plano económico, Filipe Charters de Azevedo (HAGEL Seguros) fez um enquadramento do setor relativamente aos custos e preços, correlacionando-os com a adoção — ainda limitada — de instrumentos de gestão de risco. O orador sublinhou a importância de um maior planeamento e da utilização destas ferramentas para mitigar a exposição dos produtores à volatilidade do mercado.
O painel técnico revelou igualmente limitações crescentes no controlo fitossanitário, decorrentes da retirada sucessiva de substâncias ativas essenciais e da lenta entrada de alternativas eficazes no mercado. A DGAV destacou que várias finalidades permanecem sem solução robusta, aumentando a pressão sobre a produção.
A mesa redonda final, moderada por João Pereira (TerraProjectos), reuniu representantes da produção, indústria, seguros, distribuição — com a participação de Pedro Barraco (Mercadona) —, bem como da DGAV e da APA. Um dos pontos fortes da discussão foi a necessidade de promover uma relação contratual mais sólida no mercado de fresco, de forma a garantir melhor planeamento, maior cobertura de risco e uma valorização mais estável do produto. A Mercadona sublinhou ainda que o consumidor tende a procurar soluções mais práticas e imediatas, reforçando o potencial de crescimento dos produtos prontos a consumir.
Entre os temas que geraram maior consenso esteve a gestão da água, particularmente com a entrada em vigor do módulo GLOBALG.A.P. SPRING e com a crescente exigência dos retalhistas de que os produtos certificados cumpram este requisito. A regularização das captações tornou-se, por isso, um fator crítico para assegurar o acesso aos mercados. A APA, na pessoa da Sra. Engª Teresa Álvares, reconheceu as dificuldades existentes, sobretudo nas regiões do Tejo e Sado, e manifestou abertura para trabalhar mais proximamente com as associações, de forma a agilizar processos e melhorar a articulação com os agricultores — uma mensagem recebida com grande apreço pelo setor.
O debate convergiu na necessidade de assegurar maior previsibilidade para 2026, quer ao nível regulatório e fitossanitário, quer na gestão da água, organização comercial e gestão de risco. Face à possibilidade de redução da área plantada no próximo ano, torna-se ainda mais urgente reforçar a cooperação entre produtores, empresas, associações e entidades públicas.

António Gomes, Presidente da Direcção da Porbatata, agradeceu a presença de todos os participantes e destacou a importância do trabalho conjunto na resposta aos desafios da fileira. Foram ainda dirigidos agradecimentos ao Município do Bombarral, ao COTHN e à FNOP, aos oradores, ao moderador e, por fim, aos patrocinadores do evento, cuja colaboração permitiu também a realização de um almoço de networking que encerrou a jornada. O evento ficou igualmente marcado pelo lançamento da nova edição da Revista Porbatata, reforçando o compromisso da associação com a valorização, a informação e a união do setor.




