Language switcher

Agriotes spp. (Wireworms)

Os Alfinetes são insetos da ordem Coleoptera (família Elateridae). O adulto mede de 10 a 15 mm e não provoca estragos nas culturas. As fêmeas realizam posturas abaixo da superfície do solo em campos cobertos com folhagem de plantas (pastagens, pousio, cereais, milho, batatas, etc.) em lotes de 3 a 30 indivíduos, a uma profundidade de 20 a 60 mm. Estas podem depositar até 200 ovos durante a sua vida, que eclodem 25-60 dias após a postura .

Os danos nas culturas são causados pelas larvas (fotografia 1), de cor laranja-amarela brilhante, de 5 a 25 mm. Estas deslocam-se na camada superficial do solo, alimentando-se de órgãos vegetais como caules, raízes ou plantas jovens, resultando no enfraquecimento, diminuição do valor comercial, ou a abertura de portas de entrada de patogéneos nas plantas afectadas.

De acordo com a OEPP (Organização Europeia e Mediterrânica para a Protecção das Plantas), as larvas podem afectar a cultura numa fase inicial, imediatamente após a plantação. Sendo extremamente polífagos, podem afectar de forma severa culturas como o milho, cereais, beterraba, ou batata, entre outras culturas. Em função da pressão da praga, os tubérculos de batata podem apresentar estragos que inviabilizem a sua comercialização.

Quando as condições climáticas são menos favoráveis no inverno e no verão, as larvas movem-se para as camadas inferiores do solo, para cerca de 40 a 50 cm e cessam a sua alimentação.

Fonte: https://ephytia.inra.fr/en/C/20960/Potato-Agriotes-spp-Wireworms

 

De acordo com o EPHYTIA | INRA, a cultura da batata pode ser afectada por diversas espécies de alfinete, entre as quais se destacam quatro espécies do género Agriotes. As espécies deste género podem caracterizar-se entre(10):

– ciclo longo: apresentam um ciclo médio de 5 anos, em que se incluem 4 estádios larvais subterrâneos (A. lineatus, A. sputator e A. Obscurus);

– ciclo curto: apresentam um ciclo atípico de 1 a 2 anos no sul de França, onde esta espécie é actualmente predominante, podendo apresentar um ciclo mais longo em áreas mais frias, onde também está atualmente identificada (A.sordidus -fotografia 2)

Adaptado de: https://www.bayer-agri.fr/cultures/taupins-un-coleoptere-en-recrudescence-sur-cereales_692/

 

A semelhança entre os caracteres morfológicos das larvas das diferentes espécies pode inviabilizar a correcta identificação através das chaves taxonómicas disponíveis, como é o exemplo da que pode ser consultada em Furlan, L.(5). Neste caso, a identificação segura da espécie será possível apenas com recurso a técnicas moleculares (8).

A informação mais recente sobre a praga, divulgada pelos serviços oficiais, consta na circular nº 02/2023 da Estação de Avisos Agrícolas de Entre Douro e Minho, de 08/03/2023(4). Nesta circular recomenda-se as seguintes medidas culturais:

– Escolher uma parcela pouco ou nada infestada para a plantação. Terrenos que antes produziram um cereal de pragana ou uma leguminosa, bem como terrenos de pousio acarretam maiores riscos.

– Proceder a uma boa mobilização do solo – lavoura e gradagem – de modo a destruir o máximo de larvas.

– Uma drenagem eficiente do solo pode dificultar a instalação e desenvolvimento de grandes populações de alfinete.

– A aplicação de cal azotada (cianamida cálcica) tem um efeito inseticida bastante eficaz sobre o alfinete. A aplicação deste fertilizante azotado deve fazer-se duas semanas antes da plantação.

– É fundamental a proteção das aves insetívoras – piscos, lavandiscas, melros, felosas, carriças, pardais, etc. – que consomem grandes quantidades destes insetos prejudiciais à agricultura, como é o caso das larvas durante os trabalhos de mobilização da terra.

É recomendada a monitorização da praga através de armadilhas de feromonas para captura de adultos(6), através de armadilhas de isco para a captura de larvas e a utilização de alternativas às soluções insecticidas(10), como é o exemplo de nemátodos entomopatogénicos(9). De acordo com informação da plataforma de gestão de Autorizações de Produtos Fitofarmacêutico – SIFITO(1), as soluções comerciais com acção insecticida destinadas para a finalidade alfinete na cultura da batata, actualmente no mercado, baseiam-se em soluções granuladas (substâncias activas com base em lambda-cialotrina, cipermetrina, teflutrina e spinosade) de aplicação única, diretamente ao solo com o equipamento apropriado e durante a plantação, e formulações líquidas (substância activa: Beauveria Bassiana estirpe ATCC 74040) que permitem um maior número de aplicações.

Artigo por: Conselho Técnico Consultivo

Bibliografia consultada:

(1) Bayer S.A.S. Division Crop Science / Crop Protection (www.bayer-agri.fr)

(2) EPHYTIA | INRA (https://ephytia.inra.fr/en/C/20960/Potato-Agriotes-spp-Wireworms)

(3) EPPO | OEPP (https://gd.eppo.int/taxon/1AGRIG/documents; https://gd.eppo.int/download/standard/608/pp2-002-2-en.pdf)

(4) Estação de Avisos Entre Douro e Minho: Circular nº 02/ 2023; Senhora da Hora, 08 de março de 2023 (https://drapnsiapd.utad.pt/sia/Circulares)

(5) Furlan, L.; Benvegnù, I.; Bilò, M.F.; Lehmhus, J.; Ruzzier, E. Species Identification of Wireworms (Agriotes spp.; Coleoptera: Elateridae) of Agricultural Importance in Europe: A New “Horizontal Identification Table”. Insects 2021, 12, 534. https:// doi.org/10.3390/insects12060534 (https://www.mdpi.com/2075-4450/12/6/534/pdf)

(6) m2i-lifesciences (https://www.m2i-lifesciences.com/uploads/1-ft-agriotes-pro-caps-seringue-en-2020.03.02.pdf)

(7) SIFITO (https://sifito.dgav.pt)

(8) Staudacher, K., Pitterl, P., Furlan, L., Cate, P., & Traugott, M. (2011). PCR-based species identification of Agriotes larvae. Bulletin of Entomological Research, 101(2), 201-210. doi:10.1017/S0007485310000337  | Cambridge University Press & Assessment (https://www.cambridge.org/core/journals/bulletin-of-entomological-research/article/abs/pcrbased-species-identification-of-agriotes-larvae/B5D336E905FD4CC71C25D50CD8144192).

(9) Askar AG, Yüksel E, Bozbuğa R, Öcal A, Kütük H, Dinçer D, Canhilal R, Dababat AA, İmren M. Evaluation of Entomopathogenic Nematodes against Common Wireworm Species in Potato Cultivation. Pathogens. 2023 Feb 9;12(2):288. doi: 10.3390/pathogens12020288. PMID: 36839560; PMCID: PMC9961910. (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36839560/)

(10) Barsics F, Haubruge E, Verheggen FJ. Wireworms’ Management: An Overview of the Existing Methods, with Particular Regards to Agriotes spp. (Coleoptera: Elateridae). Insetos. 2013 Janeiro 25;4(1):117-52. DOI: 10.3390/insetos4010117. PMID: 26466799; PMCID: PMC4553433.( https://www.mdpi.com/2075-4450/4/1/117)