Para dar inicio à nossa rubrica de apresentação dos sócios da Porbatata, conversamos com um dos homens mais respeitados no sector horto frutícola, principal dinamizador da criação da Porbatata e actual Presidente da Assembleia Geral, o Engº José Burnay, Presidente do Conselho de Administração da CAMPOTEC S.A. empresa Hortofrutícola de referência implantada na zona Oeste e associado numero um da Porbatata.
Porbatata: Como começou a sua relação com as batatas? E como surgiu a Campotec?
Engº José Burnay: Com o Engº Luis Trindade, em 1992, iniciamos um programa de exportação para França, para a Prim´co, na empresa J.Reis e Burnay Lda. Com a colaboração do Engº Jorge Camilo, negociamos com um grupo de produtores no Oeste, esse programa, tinha como objectivo a exportação a partir de Junho, de variedades de “polpa firme”, tais como Roseval e BF15, entre outras. Em 1994 surge a Campotec e o programa de exportação passou a ser feito pela Campotec. Em 96 termina o acordo com a Prim´co e passamos a ter clientes directos que, entretanto fomos conhecendo. A partir de 96-97, decidimos entrar no mercado interno, afim de permitir trabalhar batata o ano inteiro, estabelecendo parcerias com os nossos clientes, que nos forneciam a batata durante o período em que nós não produzíamos. Assim estabelecemos contratos de fornecimento com a grande distribuição, aproveitando para lançar a segmentação varietal, em função da aptidão culinária de cada uma, evidenciada pelos testes realizados pelo método do CNIPT (França), do qual fomos pioneiros em Portugal. Em 2008, constituímos a Campotec Agro, com o objectivo de produzir directamente nas propriedades arrendadas para o efeito, no Ribatejo e Alentejo, permitindo uma maior autonomia e flexibilidade nos preços, sobretudo no período inicial da exportação, normalmente sujeito a alguma especulação, até se perceber a realidade dos mercados.
Porbatata: Que tipo de produtos são comercializados pela Campotec?
Engº José Burnay: A Campotec opera em três áreas distintas as Frutas, com a Pera Rocha do Oeste que é Dop e a Maça de Alcobaça que é IGP, a batata e a área industrial de produtos de IV gama onde temos mais de 200 referências, desde as folhosas às batatas.
Porbatata: Quais as perspectivas de futuro para o sector da batata?
Engº José Burnay: Não estou muito optimista em relação ao mercado interno da batata, é um negocio com risco muito elevado para a produção. Apesar de a actual legislação não prever que no sector produtivo exista dumping, na realidade é o que se verifica. Por exemplo, com custos médios de produção na ordem dos 6.000 €/ha e uma produção média de 40 t/ha, o preço mínimo para o produtor cobrir os custos de produção deveria ser de 0,15 € /kg e ainda na campanha passada os preços médios rondaram os 0,05 €/kg. Não sei até quando a produção vai aguentar andar a perder sucessivamente dinheiro. Para além do factor preço existe ainda toda uma serie de pragas de quarentena que tem ameaçado a cultura como é o caso do Epitrix, agora já se fala da Tecia e da Zebra Chips, que ainda condicionam mais a execução da cultura. De futuro será muito importante haver diálogo entre todos os intervenientes do sector para que de forma consciente, se decida o que produzir e é aqui que a Porbatata deverá ter um papel fundamental de ligação entre todo o sector.